terça-feira, 24 de julho de 2012

COLUNA EM REVISTA: Tropel de remoques


Arlete, Nívea e Isadora: conversa embolada entre uma portuguesa e duas
baianas.
"Seu minino, essa moda de botá o Brasil na TV é tão arretada qui até o pessoal da novela começô a falá do jeito que fala em cada região desse mundin véio sem portera, sô. Bá, tchê, na novela das 8 da Globo, Pedra sobre Pedra, tem mineiro, baiano, pernambucano, carioca, paulista, potiguar, gaúcho. É um trem tão bão esse que sobrou espaço para os patrícios lusitanos ora pois pois. Como se diz, é um tropel de remoques, expressão igual a babel de sotaques.
Com Pedra sobre Pedra, foi-se o tempo em que nas novelas da Globo os personagens falavam o português com um único sotaque - o gingado nordestino, a chiadeira carioca ou o italianado paulistês. Resplendor, onde se passa a novela, é uma pequena cidade do interior da Bahia, mas na linguagem de seus habitantes cabe o Brasil inteiro: cada personagem fala com um sotaque diferente. Como a prosa também inclui expressões regionais, muitos espectadores têm dificuldade para compreender o que os atores querem dizer. Só os mineiros do interior, por exemplo, sabem que "cadinho", expressão favorita do político matreiro Cândido Alegria (Armando Bógus), quer dizer algo pequenino. E só os gaúchos entendem quando a insinuante Alva (Lília Cabral) reclama de um guri "caborteiro" - um garoto chato. Mas quando a Pilar Batista de Renata Sorrah e o Murilo Pontes de Lima Duarte começam a se xingar mutuamente, o espectador não precisa saber o significado de expressões como suça ou xexeiro para dar boas risadas."

Vejam mais fotos retiradas dessa matéria da VEJA.
Paulo Betti e Lília Cabral: aulas gauchescas.
 
Bógus e Osmar Prado: matutices mineiras.
Lima Duarte contracena com Renata Sorrah; saraivada de insultos nordestinos.

Fonte: Revista VEJA. Ed. 1226, 18 de março de 1992. p.92-93.

Espero que gostem.
ME

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