O mito da supermãe viúva, que enfrenta e vence as vicissitudes do cotidiano à custa de muito suor, é recorrente na tela da Rede Globo. Em 1977, por exemplo, Dona Xepa alcançou enorme sucesso graças ao jeito despachado da protagonista. Esse tipo de personagem, que combina ternura com rudeza, ganhou novas tintas com a aloprada dona Armênia, um dos maiores sucessos de Rainha da Sucata - a ponto de ser convocada de novo para a trama de Deus nos Acuda. A única vez que esta fórmula não deu certo foi há dois anos em Lua Cheia de Amor, uma novela que não emplacou. Marília Pêra não convenceu ninguém no papel da sofredora Genuína.
Vice-cônsul - Dona Guiomar é aposentada e lutou muito para educar um casal de filhos esquisitíssimos - Reginaldo, o "gótico" (Eri Johnson), um maluco que só anda com roupas negras, e Sheila (Carla Daniel), uma soldado da PM com corpo de mulherão brasileiro. Se existisse na vida real, a personagem morreria de inveja da atriz que interpreta. Maria Regina é aposentada, como oficial de chancelaria do Itamaraty, já morou no Estados Unidos e na Europa, foi vice-cônsul do Brasil em Toronto e fala fluentemente inglês, francês e espanhol. Tem uma biografia muito agitada. Integrou as fileiras do Partido Comunista Brasileiro no auge do regime militar, casou-se e separou-se duas vezes, e hoje ocupa as horas vagas fazendo horóscopos para uma rede de clientes. Sua vida artística começou aos 17 anos, quando assumiu o papel de ovelha negra da família e entrou para uma escola de teatro. Foi posta para fora de casa e chegou a roubar pacotes de sopa no supermercado para não morrer de fome. "Colocava uma capa de alegre, mas sempre fui meio esquisita", brinca ela. Entre a diplomacia, a astrologia e o PCB, Maria Regina fez papéis secundários em programas como Teatrinho Trol e o Grande Teatro Tupi, um punhado de novelas na antiga TV Record e estava fora do circuito há quase 20 anos, até que foi chamada para assumir o papel de Guiomar. Agora, enquanto a maioria dos atores de De Corpo e Alma verte um rio de lágrimas a cada capítulo, Maria Regina é um alento no ar."
Fonte: VEJA, Ed. 1259, 28 de outubro de 1992.
Espero que gostem.
ME
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