O filho de Gertrude (Ana Lucia Torre) começou a nutrir uma obsessão por Amélia. Após se declarar para a mulher de Franz, tentou beijá-la a força e surtou depois de ser rejeitado por ela. O personagem ---- após ser desmascarado pelo mocinho, que finalmente descobriu a falsidade do vilão ----- se transformou
e revelou um lado doentio que estava escondido até então. Manfred tentou até matar seu 'rival' atropelado e jurou que não mediria esforços para conseguir o amor da mãe de Pérola (Mel Maia). Ele ainda mandou sequestrar o mocinho, com o intuito de eliminá-lo do seu caminho. O plano fracassou, mas o rapaz prometeu não desistir enquanto não tirar o rival de seu caminho.
Ao analisar essa situação, fica impossível não lembrar do triângulo central de "Cordel Encantado". Afinal, a obsessão de Timóteo por Açucena foi aumentando ao longo dos capítulos da novela e chegou em um nível de psicopatia assustador. Ela, por sua vez, sempre rejeitava o vilão e fazia questão de ficar nos braços de Jesuíno (Cauã Reymond), seu grande amor. Para destruir o casal e obrigar a mocinha a ficar com ele, o antagonista costumava sequestrá-la, o que acabou virando um círculo vicioso na novela ---- por várias vezes o telespectador via a sequência: sequestro - resgate - beijo - sequestro - resgate- beijo.
E para aumentar ainda mais as comparações entre as obras, praticamente todos os atores são os mesmos. Em "Joia Rara", Bianca Bin novamente vive a mocinha; Bruno Gagliasso que antes era o vilão, agora é o mocinho; e Carmo Dalla Vechia, que antes era o Rei Augusto, pai de Açucena, virou o psicopata obcecado pela mulher do protagonista. Para culminar, Franz é irmão da sofredora Hilda, interpretada por Luiza Valdetaro, que, curiosamente, vivia a irmã sofredora de Timóteo, também vivido por Gagliasso em "Cordel Encantado". Vale lembrar ainda que Domingos Montagner atualmente interpreta o revolucionário Mundo, irmão de Amélia; sendo que o ator vivia o Capitão Herculano, pai de Jesuíno e sogro de Açucena. Ou seja, um conjunto que cheira a déjà vu, apesar do bom desempenho do elenco.
Nada contra os autores terem sua panelinha de atores prediletos, afinal, nada mais compreensível do que querer trabalhar com um grupo que deu certo em outras produções. Aliás, esse tipo de atitude acaba valorizando profissionais talentosos que não são tão visados pela mídia. Ana Cecília Costa, por exemplo, é uma grande atriz, que só tem sido valorizada por Duca Rachid e Thelma Guedes, e está emocionando na pele da sofrida Gaia. Porém, é preciso haver um equilíbrio.
No caso da atual novela das seis, os atores, além de terem sido escalados para interpretar perfis que começaram a protagonizar situações semelhantes aos da trama anterior, ainda foram inseridos no mesmo núcleo. Uma soma de fatores que expõe a falta de criatividade das autoras. E autoras que ainda não podem se dar ao luxo de cair na repetição, uma vez que têm apenas três obras no currículo: "O Profeta", "Cama de Gato" e "Cordel Encantado" ----- três novelas de sucesso, vale ressaltar.
"Joia Rara" é uma novela bem produzida e tem uma qualidade inquestionável, entretanto, a trama central começou a cair na mesmice e provocar comparações inevitáveis com a história de "Cordel Encantado". Duca Rachid e Thelma Guedes são ótimas autoras e têm competência para ao menos tentar suavizar as semelhanças entre o atual trabalho delas e o exibido em 2011. Porque se a trama envolvendo Manfred-Franz-Amélia continuar sendo conduzida dessa forma, será difícil o telespectador não se cansar.
De Olho Nos Detalhes
Espero que gostem
ME
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