terça-feira, 5 de março de 2013

Entrevista: Johnny Massaro, de "Guerra dos Sexos"




1. Como foi a experiência de participar do 1º FESTU Rio e ganhar na categoria de Melhor Ator daquela edição?

JOHNNY – Eu estava trabalhando muito na época e nem estava sabendo do Festival, mas acabei participando de duas esquetes, graças a Clarissa Kahane e ao Igor Cosso, que me chamaram. Eu nunca tinha participado de um festival, portanto, a experiência já valeria por si só. Acabei conhecendo várias pessoas incríveis, que tenho contato até hoje. Sobre ganhar, eu realmente não esperava. Mas verdade seja dita, ganhar costuma ser muito bom.

2. No esquete Você Tem Fogo, você contracenou com o ator Igor Cosso e foi dirigido pela atriz Julia Bernat? Vocês chegaram a trabalhar juntos depois do festival?

JOHNNY – Eu e a Julia fazíamos “Malhação” e mais ou menos na mesma época escrevi “Guimba”, o primeiro curta-metragem que dirigi fora da faculdade. Ela foi a primeira pessoa para quem mostrei o roteiro e foi pra ela que escrevi a personagem principal. Sempre conversamos sobre voltar a trabalhar juntos e tenho certeza que isso vai acontecer qualquer dia desse. Eu admiro muito a Julia e a carreira dela.

Pra quem tiver curiosidade, aqui o teaser do curta: http://www.youtube.com/watch?v=jhOlXLcIPS8.

3. Além de ator, você acaba de realizar um curta, o Amarillas. Como surgiu esse projeto?

JOHNNY – Quando eu e meus amigos fizemos nosso primeiro trabalho filmado na faculdade, eu pensei “Opa, fazer cinema é fácil!”, aí escrevi “Amarillas” para dois amigos meus, Carolinie Figueiredo e Rael Barja. Isso foi em 2010. Aprendi, na verdade, que fazer cinema não é fácil e só filmamos no final do ano passado, com orçamento baixíssimo, mas com muito amor. Alias, é assim que a gente costumar trabalhar, né? Nós viajamos para Grumari, Cachoeira de Macacu e Caxambu (MG) com a Paraty 95 do meu avô. Como tive muito tempo pra entender o roteiro acabei entendendo que o diferencial de “Amarillas” seria não entender. Já que também estava produzindo experimentei propor uma espécie de desconstrução da figura do diretor apostando na experiência dos atores e no que o acaso poderia me dar. Felizmente, ele nos deu muitas coisas, o que fez com que o filme perdesse os limites entre realidade e ficção, que era o meu objetivo. Como produto, não posso dizer se ele deu 100% certo, até porque ainda não o finalizamos, mas a experiência foi tão louca e ‘despretensiosa’ que com toda certeza só tivemos lucro, principalmente porque reunimos pessoas maravilhosas, como Erom Cordeiro, Ícaro Silva, Chay Suede e conhecemos lugares incríveis dentro de uma Paraty que tem quase a minha idade.

4. Hoje em dia vemos muitos atores se aventurando na produção, escrita, direção… Você tem vontades artísticas além da atuação?

JOHNNY – Acho que já deu pra perceber que sim… risos!

5. Na novela “Guerra dos Sexos” você é o filho da personagem de Gloria Pires e na série Divã, você foi o filho da personagem de Lília Cabral. Além disso, você contracena com outros atores muito prestigiados na nossa teledramaturgia. Qual o aprendizado que se tira desses encontros?

JOHNNY – Acho que se a minha preocupação fosse aprender eu não conseguiria trabalhar com essas pessoas ou sequer bater um papo nos bastidores. Mas felizmente acaba sendo impossível não aprender um monte de coisas. Acho que não importa a idade, o tempo de carreira, o nome, o mais legal é perceber que o bom artista vai sempre ter um certo tipo de medo em um certo tipo de medida que é o que acaba garantindo, de forma inevitável, a qualidade da atuação e a humildade. E é isso que eu venho aprendendo.

6. No Rio de Janeiro, se comenta muito que o foco dos atores é entrar para a televisão. Você concorda com isso? Qual a sua opinião a respeito?

JOHNNY – Concordo. Mas não por outra razão que não ao fato da nossa cidade abrigar duas das maiores produtoras de teledramaturgia do país. 2+2 são 4, na maioria das vezes. Isso acaba fazendo não só com que muita gente venha para cá buscando fazer carreira na televisão, como também faz com que as pessoas daqui convivam com essa realidade. Mas é claro que isso não é o foco de todos. E claro que não tem nada de errado SE esse for o foco. E é claro que não tem nada de errado se esse NÃO for o foco. Eu fico pensando até quando isso vai ser uma questão e o porque de ainda ser. Acho uma chatice. Fazer televisão é uma experiência maravilhosa e dificílima, assim como teatro, cinema. Particularmente, me sinto desafiado e motivado em qualquer meio.

7. Olhando para a cena teatral carioca, como você acha que estamos?

JOHNNY – Como você disse ali em cima, tem muita gente se aventurando em produzir, escrever, dirigir. Essa busca por independência diz muita sobre a nossa geração. Mas a pergunta que eu vivo me fazendo é “o que é, afinal, essa minha geração?”. Inclusive, em parceria com a Montenegro e Raman, vamos iniciar uma pesquisa com um grupo de jovens atores de até 24 anos que terão como mote identificar essa nossa geração, se é que isso é possível. Mas qualquer esforço é válido. O que eu tenho visto por aí são muitos amigos conseguindo algum espaço através de muita dedicação e luta. Não vejo outra forma de se conseguir alguma coisa, na verdade.

8. Qual foi sua última experiência no teatro? Como foi?

JOHNNY – Ano passado tive duas felizes experiências teatrais e é impossível não falar das duas. Em janeiro terminei uma turnê muito feliz de “Tango, Bolero e Cha Cha Cha”, onde trabalhei com pessoas incríveis que viraram grandes amigos mesmo, entre eles o Edwin Luisi, que admiro imensa e eternamente. Em seguida emendei com “Rebeldes – Sobre a Raiva”, onde alem de ator fui assistente de direção do Rodrigo Nogueira. A gente ficou no SESC Copacabana, que era um espaço que eu sempre quis estar, e com um elenco maravilhoso. Fizemos uma bela temporada!

9. Mesmo sendo clichê a pergunta, lá vai: o que é ser ator pra você?

JOHNNY – Eu lembro de perguntar isso no meu primeiro trabalho, quando eu tinha 14 anos. Hoje eu vejo que isso é uma besteira! A gente tem essa visão romântica da nossa profissão sem antes, de fato, nos encarar como profissionais. Eu não me sinto especial ou diferente por ser ator e geralmente tenho preguiça de quem se sente. Eu sinto necessidade de ser, eu gosto de ser e ponto final. Qualquer profissional que trabalhe com o que realmente gosta deve ter essa sensação. Claro que no caso do ator tem uma questão específica do reconhecimento, que cria a falsa ilusão de alguma coisa. Mas eu não sou ator pra preencher as lacunas na minha vaidade ou pra me curar de qualquer coisa ou pra ter mais seguidores no Twitter. Acho que o problema é que a gente se acostumou a não encarar o “ser ator” com o “ter uma profissão”, o que eu entendo vivendo no país que a gente vive, que não valoriza a cultura. Alias, nem a educação, nem a saúde, nem a etc, etc, etc…

10. Quais são seus próximos projetos? Pretende voltar aos palcos em 2013?

JONNY – Esse ano vou terminar “Guimba” e “Amarillas” e me preocupar em como distribuir os dois. A novela termina em abril e no mesmo mês já estreio na Casa da Gávea com “O Tempo e os Conways”, com direção da Vera Fajardo e um elenco lindo, alem do texto maravilhoso do J. B. Priestley.

11. Que conselho você daria para jovens atores que, como você, trabalham nesse meio?

JOHNNY – Acho que o bacana é não só se fortalecer como artista, mas também como ser humano. Ok, clichê. Mas acho que não tem nada mais clichê do que tentar ser original… e como eu tenho problema com extremos, não acredito de forma absoluta em nada, a não ser que a coisa mais importante que podemos fazer por nós mesmos e pelo outro é obter conhecimento. Mas eu não queria chamar isso de conselho…

Eu Teatro

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