sexta-feira, 1 de junho de 2012

Entrevista: Vera Holtz


"Despida de vaidades, cabelos brancos, coberta de trapos da cabeça aos pés e gravando sempre em meio do lixo (mesmo que fictício)... Ainda assim, Vera Holtz despertou a simpatia do público infantil com sua Mãe Lucinda, de Avenida Brasil. Mesmo com o mistério que paira sobre o passado da catadora, prevalece, para os fãs mirins, o carinho com que a personagem trata os filhos adotivos e os cria ali naquele mundo sujo e caótico. Mas ela alerta: as aparências podem enganar...
"No início da novela, achava que Lucinda era do bem, agora, não tenho tanta certeza. Mas gosto de trabalhar com essa dúvida", afirma a estrela.
Aos 58 anos, Vera nunca se casou ou foi mãe. E é adorada não só pelos pequenos fãs, mas também pelo elenco infantil que atua com ela na novela de João Emanuel Carneiro. 
Nas mãos de Lucinda está o mistério da novela, mas a artista garante não saber o que o autor reserva para a personagem, inicialmente criada para Fernanda Montenegro.
Vera começou no teatro, com a peça Rasga Coração, de Oduvaldo Vianna Filho, em 1979. E a partir de então, construiu uma trajetória vitoriosa e premiada. E o sucesso se repetiu quando foi para a TV. Em 1989, estreou na novela Que Rei Sou Eu?, que está sendo reprisada no canal Viva, e no mesmo ano participou de Top Model. No ano seguinte, fez Barriga de Aluguel, também em reprise no mesmo canal. Depois brilhou em Vamp (91), De Corpo e Alma (92), Fera Ferida (93), A Próxima Vítima (95), entre outras tramas globais. 
Porém ganhou grande destaque com Mulheres Apaixonadas (2003), na pele de Santana, uma professora bacana, porém alcoólatra, que tenta superar o vício. E causou polêmica em Belíssima (2005),  como a sofisticada Ornela, que só gostava de ficar com homens mais jovens. Fez, inclusive, par com Cauã Reymond em cenas pra lá de calientes. Já em Paraíso Tropical (2007) foi a oportunista Marion. E depois a querida Candê em Passione (2010).
No cinema, atuou em 15 filmes, entre eles O Menino Maluquinho (95) e Anjos do Sol (2006), que trata do grave problema da prostituição infantil no Brasil. Acompanhe o nosso bate-papo com essa grande intérprete!

TITITI-Não incomoda se despir de vaidades para fazer uma mulher como Lucinda? 
Vera Holtz-Não, eu não tenho muito essa relação com vaidade em cena. Não dou o mínimo valor. Tanto que consegui fazer três novelas com cabelo branco. Se bem que esse cabelo atual requer um pouco de cuidado. Para a Lucinda, ele tem que estar descuidadão. Agora sofro mesmo é com as roupas. Como temos que gravar todos cobertos no cenário do lixão (com luva,viseira e chapéu) é muito quente. Acho que o Zé de Abreu sofre mais do que eu por causa da capa de plástico em cima da roupa.

O Nilo e a Lucinda escondem um mesmo segredo, não?
No início da história, eles começaram como inimigos. Eu achava que ele era do mal e a Lucinda, do bem. Agora não sei, sinceramente. A única orientação que tive foi para ser uma boa mãe (risos). No início da trama, tinha 12 filhos, agora são seis.

Como analisa o fato de ela criar as crianças em lixão? É horrível, não?
A novela é ficção, não é? Nem se compara à realidade. Mas sabemos que na vida real crianças catando lixo. É o meio de sobrevivência delas e de suas famílias. Muito triste, mas é a realidade.

E como é contracenar com tantas crianças?
Não tenho filhos, nunca casei, então não tinha e não tenho a menor experiência como mãe. Mas me dou bem com as crianças com quem contraceno. Aliás, as considero atores com quaisquer outros. Eles estão em busca de um caminho. Trato-os como colegas de trabalho. Tento passar um pouco daquilo que sei e eles são muito gentis comigo. Temos uma relação maravilhosa. No fundo, adoro conviver com atores de qualquer idade.

E como o público tem reagido em relação a Lucinda?
Da melhor forma possível! Ando nas ruas e os adultos me chamam pelo nome da personagem. E as crianças gritam que querem me levar para casa! Deve ser pelo jeito com que Mãe Lucinda trata os pequenos.

Não é difícil construir uma personagem que você não sabe quem é de verdade?
Ah, mas aí está o jogo do ator de novelas. E gosto disso. Teatro é fechado, minissérie também. Mas fazer novela é atuar numa página em branco. Estou no escuro total. E adoro isso!"

Fonte: Revista Ti Ti Ti. Ed. 716. 1 de junho de 2012.

Espero que gostem.
ME

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