Alessandra Negrini e Cláudia Raia: Engraçadinha na primeira e segunda fase. |
A imagem tem o bom senso de não competir com ousadia com o texto porno-moralista do autor- ao contrário, cobre de ternura a sensualidade delirante do enredo -, mas também não sonega ao telespectador uma só intenção de violência e paixão do folhetim escrito originalmente para ser publicado em 112 capítulos, entre agosto de 1959 e fevereiro de 1960, nas páginas do extinto jornal carioca Última Hora.Engraçadinha é, segundo Ruy Castro, biógrafo de Nelson e autor de O Anjo Pornográfico, a personagem "mais erótica da literatura brasileira" e decerto, candidata ao mesmo título na televisão. Filha de de um ilustre político capixaba, cercada de tias desde pequenina, doce, linda, amoral, fantasiosa e ardente como qualquer mulher da vida, aparece de seios à mostra logo na primeira cena da minissérie, quando de algum lugar do futuro a voz em off da personagem lembra o enterro do pai e o discurso do cavalheiro que homenageava o morto e, ao mesmo tempo, a comia com os olhos. "Essa menina merece um crime sexual", diz o cidadão. Puro Nelson Rodrigues. A tal menina de 18 anos é interpretada pela atriz paulista Alessandra Negrini, 24 anos, um rosto desconhecido na TV, o que faz crescer o mistério em torno da surpreendente personagem. Será Engraçadinha até a metade do sétimo capítulo, quando a história se interrompe em Vitória, Espírito Santo, no início da década de 40, e recomeça em seguida no alvorecer dos anos 60, com a personagem já trintona,na pele de Cláudia Raia, vivendo no subúrbio carioca de Vaz Lobo. A atriz está irreconhecível no seu primeiro papel dramático. "É uma virada na minha carreira", imagina. "Essa personagem tirou o meu sangue.". Tirou também os trejeitos da vedete e uma peruca ajuda a compor uma Engraçadinha bem-comportada, mas não por muito tempo."
Fonte:
Foto e Texto: Revista VEJA. Ed. 1389. 26 de abril de 1995. p.136.
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